Você que se prepara para o ENEM, deve dominar a habilidade de identificar mudanças e permanências nos acontecimentos históricos.
Essa postagem trata das reformas religiosas (protestante e católica - esta também chamada de contrarreforma) e, ao realizarmos o olhar em perspectiva, podemos comparar a situação da igreja católica nos idos do século 16 e a situação de alguns grupos religiosos que praticam venda de objetos sacralizados no século 21.
O raciocínio histórico não deve julgar o período das reformas e o que aconteceu nele com os juízos de valor deste século sob o perigo de cometer anacronismo (usar a forma de pensar de uma época para analisar / julgar outra).
Aplicando a habilidade para as reformas, uma forma seria essa:
1. semelhanças: a venda de objetos sacralizados com a promessa de que trarão benefícios, curarão doenças, protegerão de algum mal; a população menos abastada é quem participava mais efetivamente dessa relação de troca;
2. diferenças: no século 16, os grupos que foram organizados a partir das reformas não tinham possibilidades maiores de influenciar a vida política pelas vias institucionais e, no século 21, há (no caso do Brasil), inclusive, uma bancada religiosa no Congresso nacional que é decisiva em muitas questões.
A canção "Orai e Vigiai", na voz de Falcão, nos fornece uma série de elementos que podemos identificar como semelhanças e diferenças entre os dois momentos no tempo.
Quando se trata da redução da maioridade penal e como ela pode aparecer no ENEM, é importante que você tenha em mente que ela pode ser abordada no eixo
- Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento político e ação do Estado
No tópico específico:
- A luta pela conquista de direitos pelos cidadãos: direitos civis, humanos, políticos e sociais. Direitos sociais nas constituições brasileiras. Políticas afirmativas.
Os direitos devem ser entendidos como fruto de reivindicações historicamente localizadas. Cada época terá as reivindicações dos grupos que nela vivem e tais reivindicações não devem, de início, ser analisadas como justas ou não, mas entendidas no contexto que as produziu.
A sociedade brasileira deu atenção específica - e mais cuidadosa - para crianças e adolescentes apenas com a lei federal 8.069, que cria o Estatuto da Criança e do Adolescente. Foi só a partir dali que a juventude no Brasil passou a ser sujeito de direitos e TAMBÉM DE DEVERES (marca para lembrar que nem só de direitos se vive em uma sociedade).
O Estado, a partir daquele momento, passa a ser responsável absoluto por garantir desenvolvimentos físico, moral, mental e social de acordo com os princípios, marcados na Constituição, da liberdade e da dignidade, preparando para a vida adulta na sociedade.
Sendo o Estado responsável por garantir esses desenvolvimentos, cabe refletir: se ele garantisse EFETIVAMENTE teríamos jovens infratoras/es?
Quem comete um crime tem história, independente do crime cometido. Arnaldo Antunes nos diz isso na canção abaixo.
Já pensou viver em um mundo no qual sua vida estivesse o tempo todo em risco?
Um mundo no qual matar alguém que seja uma ameaça para sua vida - ou que pareça uma ameaça - seja algo que não te dê remorsos?
Pois bem, esse mundo é um mundo anômico, no qual as formas coletivas de sentir, pensar e agir, historicamente estabelecidas, não respondem aos desafios da existência.
Esse é o mundo do apocalipse zumbi. Nesta aula, usaremos este mundo para entender melhor o conceito de anomia de Durkheim.
Um dos períodos mais importantes na história da república brasileira diz respeito aos anos que vão do fim da Era Vargas, 1946, até o momento do golpe civil-militar de 1964.
Marcado pela efervescência cultural, política, cidadã mesmo, muito se pensou, naquele momento, em um projeto para o país.
Do nacionalismo trabalhista de Vargas, passando pelo desenvolvimentismo desnacionalizador de JK e as possíveis possibilidades de reformas de base de João Goulart, a ordem daqueles dias era problematizar, questionar mesmo.
E um dos questionamentos passava pela posição que o país ocupava em relação ao desenvolvimento. Historicamente produtor de matérias primas agrícolas para atender ao interesse das chamadas metrópoles e subserviente culturalmente, buscava-se autonomia, uma "cultura brasileira" (com todos os problemas dessa definição).
Fonte desse período, a Canção do Subdesenvolvido, faz uma viagem pelas várias fases de exploração do Brasil - com direito a um gênero musical para cada período.
O refrão cola na mente:
"Somos um país subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido, subdesenvolvido..."
Canção do Subdesenvolvido Carlos Lyra
O Brasil é uma terra de amores Alcatifada de flores Onde a brisa fala amores Em lindas tardes de abril Correi pras bandas do sul Debaixo de um céu de anil Encontrareis um gigante deitado
Santa Cruz...hoje o Brasil Mas um dia o gigante despertou Deixou de ser gigante adormecido E dele um anão se levantou Era um país subdesenvolvido Subdesenvolvido, subdesenvolvido, etc. (refrão)
E passado o período colonial O país passou a ser um bom quintal E depois de dar as contas a Portugal Instaurou-se o latifúndio nacional, ai! Subdesenvolvido, subdesenvolvido (refrão)
Então o bravo povo brasileiro Em perigos e guerras esforçado Mas que prometia a força humana Plantou couve, colheu banana.. Bravo esforço do povo brasileiro Mas não vi o capital lá do estrangeiro Subdesenvolvido, subdesenvolvido... etc. (refrão)
As nações do mundo para cá mandaram Os seus capitais tão "desinteressados" As nações, coitadas, queriam ajudar E aquela "Ilha Velha" não roubou ninguém
País de pouca terra, só nos fez um bem Um "big" bem, un "big" bem, bom, bem, bom Nos deu luz, ah! Tirou ouro, oh! Nos deu trem, ahhh! Mas levou o nosso tesouro Subdesenvolvido, subdesenvolvido... etc. (refrão)
Mas data houve que se acabaram Os tempos duros e sofridos Pois um dia aqui chegaram os capitais dos.. Paises amigos País amigo desenvolvido País amigo, país amigo
Amigo do subdesenvolvido País amigo, país amigo E nossos amigos americanos Com muita fé, com muita fé Nos deram dinheiro e nós plantamos Só café!
É uma terra em que plantando tudo dá Pode se plantar tudo que quiser Mas eles resolveram que nós iríamos plantar SÓ CAFÉ! SÓ CAFÉ!
Bento que bento é o frade - frade! Na boca do forno - forno!
Tirai um bolo - bolo! Fareis tudo que seu mestre mandar? Faremos todos, faremos todos...
Começaram a nos vender e nos comprar Comprar borracha - vender pneu Comprar madeira - vender navio Pra nossa vela - vender pavio Só mandaram o que sobrou de lá Matéria plástica, Que entusiástica Que coisa elástica, Que coisa drástica Rock-balada, filme de mocinho Ar refrigerado e chiclet de bola E coca-cola...!
Subdesenvolvido, subdesenvolvido... etc. (refrão)
O povo brasileiro tem personalidade Não se impressiona com facilidade Embora pense como americano Embora dance como americano Embora cante como americano Lá, lá, la, la, la, la Êh, êh, meu boi Êh, roçado bão O meior do meu sertão, thu, thu, thu Comeram o boi...
O povo brasileiro embora pense, dance e cante como americano Não come como americano Não bebe como americano Vive menos, sofre mais Isso é muito importante Muito mais do que importante Pois difere os brasileiros dos demais Personalidade, personalidade Personalidade sem igual Porém... subdesenvolvida, subdesenvolvida E essa é que é a vida nacional
Entre os conteúdos de História para o ENEM, podemos listar o século XX, a República brasileira são presenças quase que 100% certas.
Entre os conteúdos de República do Brasil, a Era Vargas aparece vez em sempre.
É fundamental lembrar que Vargas assumiu a presidência do país sem ser eleito pelo voto popular. Ele deu um golpe mesmo, uma vez que havia sido derrotado nas eleições pouco antes.
Mas deve-se entender o golpe de Vargas também em um contexto de transformação das forças produtivas que estava em curso no Brasil.
A música de Gilberto Gil, A luta conta a lata ou a falência do café, narra essa situação magistralmente. Nela encontramos o barão do café que resiste, o crescimento do proletariado, a industrialização avançando pelos "quintais do mundo" e a guerra contra a mudança (na ordem política que vem com a mudança econômica).
Escute, entenda, problematize.
pense FORA DA CAIXA
A LUTA CONTRA A LATA ou A FALÊNCIA DO CAFÉ
Alô, mulatas! Alô, alô, mulatas!
O barulho que vocês estão ouvindo é um barulho de latas!
De latas! Eu disse: "Latas! Latas!"
O exército de latas mil do inimigo
Tomou de assalto as prateleiras e os balcões
Em nome das plebéias chaminés plantadas
Em nossos quintais
Palavras proferidas por um velho dono
De terras roxas de uma vasta região
Em nome das grã-finas tradições plantadas
Em seu coração
(Café! Café! Café! Café!)
Chaminés plantadas nos quintais do mundo
As latas tomam conta dos balcões
Navios de café calafetados
Já não passeiam portos por ai
Rasgados velhos sacos de aninhagem
A grã-finagem limpa seus brasões
Protege com seus sacos de aninhagem
Velha linhagem de quatrocentões
Os sacos de aninhagem já não dão
A queima das fazendas também não
As latas tomam conta do balcão
Vivemos dias de rebelião
Enlate o seu café queimado
Enlate o seu café solúvel
Enlate o seu café soçaite
Enlate os restos do barão
A lata luta com mais forças
Adeus, elite do café
Enlate o seu café solúvel
Enquanto dá pé
Tratar da redução da maioridade penal é enveredar por
caminhos extremos e o objetivo aqui é
introduzir elementos que não aparecem na maior parte das conversas acerca do
tema, é apontar possibilidades de se pensar o assunto sem tanta emoção, daquela
que atrapalha a tomada de decisões. Para isso, podemos começar inserindo a
questão de direitos.
Há várias definições do que sejam direitos. Uma delas, que
servirá ao nosso objetivo, é de que um direito é aquilo que é mais adequado
para uma pessoa e, considerando que esta
viva em sociedade, por isso, deve ser bom também para a coletividade.
Podemos enumerar, para efeitos didáticos, os direitos em:
naturais, civis, políticos, sociais e humanos. Há quem cite também os direitos
econômicos.
Comecemos com os direitos naturais: são aqueles que temos
garantidos logo que nascemos. Direito à vida, à segurança, à liberdade e a
buscar a felicidade.
O nascimento não garante a manutenção da vida, logo, é
fundamental que se tenha segurança (sanitária, alimentar, hospitalar, escolar –
para se desenvolver intelectual e fisicamente; espiritual – para se inserir em um grupo
religioso ou ateísta ou qualquer outro) que, por sua vez, tornará possível o
exercício da liberdade para ir em busca da própria felicidade que, sendo otimista
com o processo de socialização, deverá ser também a felicidade coletiva.
Pois bem, como se nota, os direitos naturais contribuem bastante
para o pleno desenvolvimento individual e coletivo e a sua relação com a
redução da maioridade penal passa pela pergunta:
Deve-se cobrar de alguém – um/a jovem – comportamentos morais,
que são parte de um processo extenso de socialização, quando as condições
fundamentais para tal socialização não só não foram garantidas em sua plenitude
como, em alguns casos, foram extraídas arbitrariamente?
Desnaturalize o social, estranhe o cultural. Imagine sociologicamente.