Após a Marcha das Vadias ter
acontecido em Recife, cidade que me serve de posto de trabalho, fiquei animado
com as possibilidades de lutas sociais. As coisas mudam, sempre, já afirmara Heráclito.
Mas algumas coisas permanecem, afirmou, talvez, Raul. Mas, por pouco tempo,
também.
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Marcelo, Alane e Julia |
Não dá para continuar
violentando, roubando, matando, vilipendiando impunemente. As violências, as
mais diversas, pois existem várias (já escrevera o sociólogo francês), podem e
devem ser denunciadas e as autoridades, cobradas para garantirem aquilo para o
qual existem: segurança e bem-estar para todxs. Noutros momentos, poderia-se
xingar, agredir fisicamente e, a violência suprema, matar com grande margem de
folga de sair impune. E se tivesse como justificativa a honra, até prêmio era
possível receber.
Leis são criações da necessidade
de regular o convívio em sociedade. Num entendimento simplificado, seriam fruto
da necessidade de limitar algo que está afetando a existência de um grupo ou parte
dele (aqueles que compõe a superestrutura, no dizer do judeu vermelho e
influente). Pense da seguinte forma: para que o Criador (na tradição
judaico-cristã) estabelecesse dez mandamentos, o Decálogo, proibindo roubo, assassinatos,
cobiça da mulher alheia, juras do sacro nome em vão, era porque tudo que estava
sendo proibido era praticado em tão larga medida que atrapalhava a coesão, a
segurança e o bem-estar do grande grupo. Entendido isso, sigamos o raciocínio.
A sanção de leis como a Maria da
Penha, a lei seca, o código de trânsito mais rígido são fruto, seguindo o que
foi escrito acima, da necessidade de intervenção do Estado em determinado
âmbito da vida coletiva, ou seja, se há um código mais rígido de controle do
trânsito, este estava “descontrolado”, se há maior fiscalização e, por
extensão, punições para quem dirige embriagado, muita gente foi prejudicada –
inclusive irreversivelmente – por pilotos embriagados, então, uma lei que pune
desde tapas, empurrões e extinção da vida feminina, é fruto do perigo para a
segurança e o bem-estar PRINCIPALMENTE DAS MULHERES que a violência masculina
gerava (e ainda gera).
A situação mudou. Ainda bem. Quando
fui para a Marcha das Vadias, uma certeza tinha em mente: estou fazendo parte
da História, sou um sujeito da História. Eu e outras pessoas que lá estavam,
Vadias com “V” maiúsculo; Vadias que vi quando tinham 13/14 anos de idade e
tiveram aulas de História comigo na 6ª, 7ª, 8ª série; Vadiazinhas, como chamei.
Vadios também. Pense numa felicidade, daquelas que só mães e pais devem sentir
quando veem que xs filhxs “deram pra gente de bem”, como minha mãe diz, ainda
hoje.
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Carol, Alane, Diana e Marcelo |
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Iana, Diogo, Anne, Lais e Tauana |
Passarei, é verdade, mas a
semente da Discórdia que plantei em vocês e noutrxs, seguirá.